terça-feira, 22 de setembro de 2009

O que é esquizofrenia?

::: 17/06/2004

A confusão conceitual feita com relação a termos e categorias nosológicas referentes às doenças mentais é bastante comum de ocorrer, principalmente nas conversas informais do dia a dia. Não é incomum ouvir de alguém, por exemplo, que acordou esquizofrênico em determinado dia, referindo-se a uma desordem mental momentânea, ou mesmo outros comentários da mesma ordem. Nesse contexto, então, o que seria essa categoria específica chamada esquizofrenia?

A esquizofrenia, segundo o psiquiatra Geraldo José Ballone, é uma doença mental que está incluída no rol das psicoses. As psicoses estariam caracterizadas pela distorção do senso de realidade, denotando uma inadequação e falta de harmonia entre o pensamento e a afetividade. A esquizofrenia, segundo esse médico, seria a representante mais característica das psicoses, sendo um transtorno da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial.

De acordo com dados do CID 10, Código Internacional das Doenças, os transtornos esquizofrênicos se caracterizam em geral por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou embotados. Usualmente mantém-se clara a consciência e a capacidade intelectual, embora certos déficits cognitivos possam evoluir no curso do tempo. Os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a imposição ou o roubo do pensamento, a divulgação do pensamento, a percepção delirante, idéias delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes alucinatórias que comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa, transtornos do pensamento e sintomas negativos.

Ballone explica, através dos ensinamentos de Kaplan, que aproximadamente 1% da população é acometida pela esquizofrenia, geralmente iniciada antes dos 25 anos e sem predileção por qualquer camada sócio-cultural. O diagnóstico da doença ainda se baseia exclusivamente na história psiquiátrica e no exame do estado mental, muito embora os meios de investigação por imagens funcionais esteja avançando a passos largos no sentido de estabelecer-se um diagnóstico mais preciso. Este autor argumenta que é raro o aparecimento de esquizofrenia antes dos 10 ou depois dos 50 anos de idade e parece não haver nenhuma diferença na prevalência entre homens e mulheres.

As causas da esquizofrenia não estão bem identificadas. Ainda que o fator hereditário seja relevante, fatores psicológicos e sociais influem em sua manifestação. Nesse sentido, a Drª Nancy Andreasen, em entrevista ao psicosite argumentou que as atuais evidências relativas às causas da esquizofrenia são um mosaico: a única coisa clara é a constituição multifatorial da esquizofrenia. Isso inclui mudanças na química cerebral, fatores genéticos e mesmo alterações estruturais. A origem viral e traumas encefálicos não estão descartados. A esquizofrenia é provavelmente um grupo de doenças relacionadas, algumas causadas por um fator, outras, por outros fatores, segundo afirma Andreasen.

Essas pressuposições, provavelmente se embasam na classificação da esquizofrenia em sub-tipos que se diferenciam pela manifestação, como por exemplo os tipos de esquizofrenia paranóide, hebefrênico, catatônico e simples, além de outras formas atípicas e que vêm sendo pesquisadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário